POLITICAVOZ: Que tal falar de política?
O carnaval acabou. A Copa também. Que desculpa ainda temos para não falar de política? Eu tenho várias desculpas, mesmo assim ainda tento. Eu sei que o assunto é odiado por quase todos, mas ao mesmo tempo tenho quase certeza que dá para fazer de um assunto tão sério, um assunto interessante e divertido. É o milagre das palavras, creio.
E acabando a Copa, acabando o carnaval; o que sobra é a prosaica eleição para presidente. E, essa coisa sem importância, deveria ser encarada com mais consideração; com responsabilidade. Mas que papo chato, não? Que assinem o cheque, então! Sabendo valor, data e nominal. Mas sem saber para que serve, onde vai ser gasto.
Sempre encarei a política dessa forma: é um cheque que eu dou para o sujeito gastar como bem entende. É para isso que servem os governantes, dirigir nosso dinheiro. Gastarem onde bem sabem (para o bem o para p mal). Investirem onde acham interessante. E blábláblá. É o que achamos disso tudo: a terrível obrigação de discutir política é um tormento para todos nós, eu tenho certeza.
E o que achamos terrível, meio bagunçado; e muitas vezes norteado por negócios escusos; é exatamente dali que sai nosso sustento; o nosso futuro. Vão me dizer os mais estressados: o sustento sai do meu emprego e coisa e tal. Muito bem, mas esse pessoal que entra no governo pode nem saber como ajudar; mas são mestres em atrapalhar nossa vida. Que a escolha seja por aquele que atrapalhe menos.
E como vamos saber quem é o melhor, ou quem irá me prejudicar menos? Pelo projeto. Pelas propostas. Pelas discussões durante a campanha. É fácil, claro e simples. Pena que muitas vezes eles não dizem exatamente o que querem dizer; e mesmo em um documento oficial da promessa, ás vezes, nos é entregue por uma rubrica sem atenção, ou um texto colado de falatório de palanque.
Portanto, não é tão fácil como parece.
A questão em diante é: temos agora um auxiliar, uma ferramenta fantástica que nos ajudará a pesquisar, ler, conhecer; se informar. Ferramenta que no Brasil ainda é bem pequena para essa função, mas altamente barulhenta. A vuvuzela das eleições desses milhões de cliques, papos e fóruns espalhados pela onda virtual.
Candidato dizendo o que come, onde dorme e com quem acorda. Candidato a presidente falando do jogo do domingo à tarde; do prato preferido. Candidato à vice falando o que acha e o que tem certeza, para milhões de “interespectadores”. O que é verdade, e o que é mentira é só uma questão de quem sustenta a evidência.
A política ficou mais leve com a internet e com essa aproximação entre candidato e povo. O povo que parece não se interessar muito por política, acaba acompanhando os políticos como ídolos e fãs, como bons amigos que se interessam pelas idéias um dos outros.
Acredito que seja possível tornar a política menos dramática para todos nós. E quem sabe, num futuro, discutir sobre candidatos com a mesma propriedade que fazemos sobre jogadores de futebol ou alegoria e samba enredo.
Enfim, esses dois assuntos são coisa do passado. Que venha o futuro, então.
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