POLITICAVOZ: A mão invisível não é super poderosa.
Você pode não perceber, mas estamos numa crise econômica. Não se preocupe, o mundo é feito de crises. Quantas vezes durante sua existência você ouviu falar de crise? Creio que muitas vezes. Algumas delas passam longe do nosso cotidiano, outras nem tanto. Por isso, poucas vezes nos sentimos eufóricos e frustrados dentro de uma crise. Mas ela existe, está lá com todas suas garras. Empresários sentem na pele o futuro: se ocupam previamente das nefastas condições que ela acarretará em seus negócios. Trabalhadores em geral sentem apenas quando existe o desemprego: e para isso ele não se preocupa antecipadamente, ele apenas é demitido e pronto.
Pois bem, o governo trabalha contra a crise. Empresários se reúnem contra a crise. Trabalhadores rezam. Isso mesmo! Não há muito o quê ele possa fazer. Ele apenas trabalha. Trabalhando o máximo que ele pode. Sendo eficiente e não causando problemas. Muitas vezes esse trabalhador é chamado a participar das decisões estratégicas; mas no fundo pouco importa o que ele pensa. O negócio que gera lucro não é um bom negócio quando gera dúvida. O caminho da economia capitalista é cheia de argumentos da dúvida, mas apenas se interessa pela certeza.
Então, há pelo menos cinco anos o mundo anda capengando. Duvidando. Não sabemos quando e como ele sairá dessa depressão. Não é uma depressão que causa suicídio. Mas é uma que causa desconforto. Um pequeno desânimo constante. Olhamos para o futuro e não sabemos como ele será. O que é uma coisa normal: não conhecemos nada sobre o futuro. Não sabemos se a violência será pior, se existirá natureza; se a matéria-prima de nossa subsistência continuará nos alimentando. Brigaremos por comida, mas não vamos guerrear por causa do novo modelo de celular. Estamos numa revolução, e é ela que causa a crise: nosso consumo anda exagerado nas pequenas coisas inúteis.
Não sou economista, por isso tudo que estou dizendo é obra do palpite. E nas crises nascem também os grandes filósofos de teorias do achar. No achismo, quase sempre erramos. Eu acho que o mundo está em crise, acho que consumimos muito; acho que o mundo não vai acabar por causa disso. O segundo profissional dos tempos de hoje são os futurólogos. Sociólogos, economistas, juristas e afins podem ser tornar futurólogos. Todos concordam com uma coisa: o mundo de hoje não é o mundo de amanhã, o que parece óbvio. Alguns sabem que o mundo de hoje é melhor; esses são os pessimistas. Os otimistas acham que chegamos ao estágio supremo do caos: piorar não dá mais. Eu fico no meio termo, como não acadêmico que sou; nem futurólogo.
E a crise continua mesmo com tantas teorias explicando suas artimanhas. Temos a faca e o queijo, mas temos uma fome descomunal. Governo em manter o poder, empresários de olho nos lucros e os trabalhadores em seu salário. Marx nascendo novamente para explicar o abecedário de qualquer economia? E o reajuste dos tempos? Continuaremos personagens milenares dentro da economia? A crise chega. Escolhe o mais frágil. Está feito o estrago. E quem é mais o mais fraco nessa encenação toda? Sim, somos nós, os sujeitos normais. Somos nós, empregados e empregadores. Somos nós, políticos e milionários. A crise não sabe escolher quem ela irá prejudicar, e mesmo que faça de maneiras diferenciadas, todos são atingidos.
Todas as coisas vão se ajustar, essa crise irá embora para dar lugar à outra; que muitas vezes nem é tão nefasta quando a anterior. Lembrem-se, estamos sempre em crise. Portanto deixem de lamentar a situação atual, ela pode não ser a pior. E se falta comida, se falta carro; se falta calçado; todos esses produtos estão em algum lugar; escondidos. Se a economia não sabe minimizar a falta das coisas, podia ao menos dizer onde ela é abundante. Se o dinheiro tem seu valor nominal, suspeitamos também que possui um indexador metafísico.
A metafísica da economia onde está a mão que ninguém consegue segurar.