DESCONECTADO: Titãs renasce, ainda bem.
Por muitos anos esperava um bom lançamento do Titãs. Depois de tantos erros dos últimos álbuns, que definitivamente não fazem parte da minha cabeceira sonora; eis que surge um disco que lembra um pouco aquela banda que levava uma porção de jovens a cantar cada rima e cada estrofe de suas músicas. Não que o álbum possa ser considerado um clássico, assim como Cabeça Dinossauro e Jesus Não Tem Dentes. Mas não temos como não salientar que esse novo álbum marca um recomeço do grupo, uma volta às raízes; um marco histórico depois do Acústico MTV.
A verdade é que nenhum grupo fica ileso ao tempo, às mudanças tão repentinas e principalmente a idade. O amadurecimento muitas vezes inibe a rebeldia; e rock and roll sem rebeldia fica sem tempero. Nheengatu rejuvenesceu o grupo, trouxe a adolescência perdida na década de 80. Tudo bem que as novas composições nem de longe podem ser comparadas com as músicas daquela época, mas não tem ficar indiferente com esse lançamento. Deixando de lado a nostalgia que bate em qualquer fã do rock nacional daquela época, podemos dizer que é um excelente disco. Minhas ressalvas: a primeira delas é que, ainda que seja um disco bom, mesmo assim parece ser uma releitura do Titanomaquia. Outra ressalva: a quantidade de palavrão, comum na rebeldia dos caras; passou do limite, ficou fora de foco; tornou-se desnecessário. O contexto geralmente corrige o uso do palavrão, mas em excesso, torna-se cansativo e desproporcional.
Nheengatu parece ser uma obra dos Titãs, mas criada de forma individual. Nele existe a característica forte da carreira solo, principalmente nas músicas compostas e cantadas por Paulo Miklos. Sérgio Britto também mostra um pouco de sua carreira solo. Até a composição de Arnaldo Antunes é nítida destoante do resto do álbum. Parece que fizeram um álbum em carreira solo, e que decidiram lançá-lo como uma coletânea com o nome da banda. Nada disso é terrível no produto final, mas com certeza é diferente. Por conhecer a maneira, a forma e o jeito de cada um dos titãs, é possível ouvir a caracterização no disco, de forma fragmentada. Talvez também esteja nesse processo o sucesso desse novo trabalho: pegar o que há de melhor em cada componente, azeitar com uma guitarra pesada; uma bateria com mais energia; e pronto!
“1 – Fardado” abre o álbum numa releitura espetacular de Polícia. “2 – Mensageiro da Desgraça” é menos pesada, mas mostra uma bela composição dos tempos áureos da crítica social. “3 – República dos Bananas” lembrei do primeiro disco, a música Sonífera Ilha. ”4 – Fala, Renata” é do Titanomaquia, não gostei. “5 – Cadáver sobre cadáver”, com certeza a melhor letra do álbum; um lado meio obscuro. “6 – Canalha”, cover de Walter Franco, tem a cara do Miklos. Linha de baixo muito interessante. “7 – Pedófilo” letra e música tensas, interessante. “8-Chegada ao Brasil”, ótimo ska. “9-Eu me sinto bem”; outro ska. Fraquinha. “10-Flores pra ela” Porrada! “11 – Não pode” ponto alto a bateria de Mario Fabre. “12 – Senhor” Pesada, letra interessante; Cabeça Dinossauro. “13 – Baião de Dois” pela composição de Miklos. “14 – Quem são os animais” Dispensável.
Escute: Fardado, Cadáver sobre cadáver, Canalha, Chegada ao Brasil, Flores pra ela e Baião de Dois.
Titãs, Nheengatu – 2014 – Nota: 7,0
Baixe agora o álbum Nheengatu no iTunes: http://som.li/1lozhIw
Compre agora o CD: http://som.li/1flsuPS
Ouça na Deezer: http://som.li/1mAZfsF
Ouça todas as faixas agora no YouTube: http://som.li/1jVnMt4