DESCONECTADO: Alice e novos conceitos antigos
Confesso que não me sinto mal quando uma banda antiga, que estava inativa, retoma a carreira e lançando um álbum. Algumas pessoas torcem o nariz para isso, dizendo que esses artistas são oportunistas e que pensam apenas no dinheiro. Que seja assim, e por isso mesmo, devem fazer um trabalho profissional. O que incomoda é a história de gravar sucessos antigos, seja com uma leitura mais moderna; ou aqueles espetáculos que homenageiam o retorno do grupo para depois de alguns meses se separarem novamente.
Comecei esse papo para dizer que mais uma banda ressurge no cenário mundial, retomando uma carreira marcada por grandes momentos, músicas interessantes e uma história triste. Alice in Chains foi considerada uma das melhores bandas dos anos 90 e que teve fim trágico na morte de seu vocalista, Staley. Marca registrada da banda, como deve ser em grande parte dos grupos de rock; a morte do vocalista era como se a banda também tivesse acabado. Poucos acreditavam que o grupo poderia retornar e fazer um belo trabalho. Depois de 14 anos isso virou verdade.
Black Gives Way To Blue apresenta o Alice in Chains com o novo vocalista e com a formação original. Mais do que isso, apresenta a nova roupagem, com novas músicas e com a vontade de fazer novamente um papel relevante na história da música mundial. Não são meros artistas oportunistas. Produziram um álbum de inéditas. Fizeram exatamente o que bandas que não estão acomodadas fazem: criaram. Só por isso, já merece meu crédito.
Além disso, fizeram um trabalho bem feito. Que horas se parece com o antigo Alice; e que em outros momentos parece ser…..Alice. Isso mesmo! Em nenhum momento espere uma criação diferente do que eles eram: o rock continua melódico, às vezes depressivo, pesado. O vocalista novo, em duas ou três canções, parece ser a reencarnação de Staley. Mas, pasmem: é tudo novo! Músicas, letras e melodia. Dizem que o novo Alice in Chains é cover de si mesmo; isso importa? Não, não importa. Para mim é um alívio.
Escute “Check my Brain” e “When the Sun Rose Again” para conhecer o que era o Alice. Depois pegue músicas como “Lesson Learned”, “Take Her Out” , “Private Hell” e
“Black Gives Way to Blue” para perceber que a banda continua sendo a mesma; que o vocalista continua com o mesmo estilo; as que é tudo novo em seu formato, mas antigo em seu estilo.
Mais incrível ainda é perceber que Cantrell, guitarrista e um dos líderes da banda, é cara mais importante da banda no momento, e talvez tenha sido mesmo com a presença de Staley. Os riffs são fundamentais nesse novo trabalho, e digo que recuperam o som que muitos têm saudades; e que foram retomados esses tempos com Iommi no Heaven and Hell (outra banda renascida).
Se os fãs iam buscar na nostalgia esse estilo de música, fiquem sorridentes, pois existe algo novo para escutar. Se, por outro lado, estão sedentos por coisas novas; que rompam a barreira do limite da criatividade, procurem outra coisa para escutar (e sei que não vão achar essa tal coisa nova tão boa quanto esse novo velho CD do Alice in Chains).
Nota: 5/5
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